quarta-feira, 31 de agosto de 2011

FINANCISTAS ESTUPEFATOS: SELIC CAIU MEIO PONTO !




O Banco Central saiu do controle dos estupefatos financistas: o COPOM reduziu a SELIC, neste 31.08.2011, de 12,5% para 12% ao ano. Mas, se a inflação anualizada já está em queda e o nível de atividade econômica decresceu muito, porque a surpresa ? 


A boa técnica de gestão da política monetária não recomenda nada diferente do que foi feito; talvez pudesse ser adotada essa mesma queda, mas adicionando-se um viés de baixa; isto é, com a possibilidade de a SELIC cair mais um pouco ainda no meio tempo até a próxima reunião do Copom, em outubro/2011.

A queda foi  pequena, mas enfim é o início e vale  muito mais do que o 0,5%, pois é a busca  da retomada do controle das expectativas  da economia pelo Estado, em detrimento da hegemonia dos homens do mercado. Afinal o corte dos gastos do governo não poderia somente incidir sobre despesas sociais, mas também na "boquinha" dos rentistas que, guarnecidos pelos "homens do mercado" e pela  Febraban, usam e abusam do discurso do temor da inflação para manter seus ganhos astronômicos imorais.

É de se perguntar: porque são consideradas pressões políticas sobre o COPOM apenas as manifestações dos economistas do Estado Brasileiro? E porque não o são as intensas inserções na mídia de financistas que defendem o interesse da banca?

A grande imprensa, ao longo das duas últimas semanas, divulgou editoriais, matérias longas nos cadernos de opinião, elaboradas por consultores e lobistas de bancos,  a turma da Casa das Garças, além de economistas interessados em poupudos contratos com bancos privados, todos eles clamando em favor da permanência da Selic porque "ainda não é o momento, o quadro é indefinido, os efeitos da crise internacional ainda não se fizeram sentir intensamente sobre a economia brasileira, cautela com deliberações açodadas". Todos defendendo os bilhões carreados aos bancos a cada ponto percentual da Selic, com os quais eles todos se locupletam.

E isso não é considerado pressão política por nossa mídia douta e isenta. Classificam como intrusão política a defesa da economia do País realizada pelos técnicos e administradores públicos que, além de estarem cumprindo sua missão, de resto têm muito mais informações precisas e indicadores a respeito de como anda a economia que qualquer financista  insípido, o mais das vezes garotos estreiando o terninho, embevecidos com a oportunidade do poder  que o sistema lhes outorga, inebriados com a notoriedade com que a mídia os chantageia. Prenhes da ortodoxia econômica mais abjeta e demodé, jamais ouviram falar de macroeconomia e muito menos de economia política.

Se a gestão do Banco Central por Meirelles foi cautelosa e prudente em não alterar o modelo de distribuição da renda nacional em favor da banca e dos rentistas, sob alegação de temor da inflação e acusando opositores de intensionarem o calote da dívida, a gestão Tombini, por sua vez, abandona a ortodoxia fundamentalista de mercado e a prática da política "monetária pura", calcada exclusivamente na gestão de juros, em favor do retorno da aplicação dos demais instrumentos monetários, como os depósitos compulsórios dos bancos.

A nova política do Banco Central é harmônica com os estudos econômicos mais recentes que, diante da falência das políticas neoliberais,  adota inusitado pragmatismo e  marca posição de independência da Autoridade Monetária em relação aos homens de preto do mercado financeiro. Parabéns.

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