segunda-feira, 29 de agosto de 2011

JAPÃO, ACIDENTE NUCLEAR, TERREMOTOS E RECUPERAÇÃO ECONÔMICA


Após o terremoto, o tsunami e a crise nuclear, o processo de recuperação da economia japonesa irá implicar em dispêndios que certamente favorecerão de forma direta a atividade produtiva, sob a forma de compras diretas de serviços de reconstrução de estradas, prédios, hospitais, pontes, supermercados, escolas, indústrias, centrais elétricas, eventuais novas usinas atômicas (!), além da recomposição da frota automobilística, de trens, metrôs etc. Os dispêndios estimularão os setores de cimento, areia, aço, materias primas, mão de obra etc. e ativarão direta e firmemente a economia hoje enfraquecida.


Não se corre grave risco ao afirmar que a reconstrução do Japão poderia ativar também a economia de países fornecedores de produtos industrializados e de materias primas, o Brasil entre eles.

De qualquer modo, parece que se reproduz no Japão, pós-desastre, quadro favorável à intervenção clássica keynesiana na economia. Nesta o Estado é chamado a intervir promovendo gastos úteis e até inúteis, com o objetivo de elevar a renda da população, aumentar a demanda agregada e a produção de mercadorias. No caso do Japão, no presente, os gastos governamentais deverão ter uma aplicação útil, a reconstrução das cidades arrasadas, o retorno da produção de energia, recuperação das estradas etc. 
Nos EUA, pos sua vez, o plano Obama de recuperação econômica concentrou-se, a partir de ago/2008, na recuperação de bancos, confiando na disposição destes em repassar empréstimos e financiamentos ao empresariado, para que estes retornassem à produção e à contratação de mão de obra. Mas o dinheiro não alcançou ao empresariado e permeneceu predominantemente sob a posse do setor financeiro, favorecendo a continuidade do processo especulativo, desincentivando a produção, a demanda agregada e a contratação de trabalhadores.
Além disso, a demissão em massa contribuiu nos EUA para a elevação da produtividade do trabalho e para a expansão das margens empresariais de lucro … a um nível de atividade econômica sob desemprego da mão de obra da ordem de cerca de 12% os lucros tornaram-se gigantescos, fator que ainda hoje inviabiliza a elevação do nível de emprego.
No Brasil, o governo federal adotou medidas, em 2008 e 2009, no sentido de elevar a liquidez da economia e viabilizar a continuidade dos investimentos e atividades econômicas. Mas os bancos brasileiros ensaiaram reter para si essa liquidez, omitindo-se na missão de desovar recursos na economia, embora tenha sido zerado o percentual do depósito compulsório sobre depósitos à vista e a prazo que devam manter junto ao Banco Central.
A resposta do governo federal aos bancos foi fazer uso do BB, da CAIXA, do BASA, Banco do Nordeste e do BNDES para injetar dinheiro nas empresas, assegurando-se da chegada do crédito nas mãos empresariais. Obteve grande sucesso. Antes alertados a respeito, os bancos privados omitiram-se, não cumpriram sua missão. A partir do primeiro trimestre de 2010, percebendo o market share perdido, passaram a reclamar do market share expandido dos bancos públicos e, captaneados por Armírio Fraga, passaram a exigir sua contração.
No caso dos EUA, Obama não tem seu próprio BNDES, porisso depende dos bancos privados que, por lá, especializaram-se em derivativos podres. The Economist fez algum elogio ao modelo brasileiro. Mas o exemplo apenas foi observado de longe e os EUA, impotente também para implementar soluções de política fiscal, permanecem com sua economia fragilizada.

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